“Parecia um conto de fadas”, diz Joy Robson, mãe de Wade, um dos meninos que o cantor e compositor americano Michael Jackson (1958-2009) levou com a família para o seu rancho Neverland, nos anos 1990. 

O documentário “Deixando Neverland” (Leaving Neverland) trata de pôr abaixo o cenário a Terra do Nunca, onde Jackson pontificava como benemérito universal das crianças. 

Na realidade, segundo o diretor inglês Dan Reed, ele usava a propriedade para fazer sexo com dezenas de meninos e ludibriar as famílias, muitas delas destroçadas ao longo do processo. 

“Eu considerava Michael um filho meu”, diz no documentário Stephanie, mãe de James Safechuck , que se disse abusado na infância pelo músico. “Ele parecia adorável. Mas era pedófilo. Dancei e festejei quando ele morreu.”

Joias por sexo

A primeira parte do documentário de 240 minutos estreia no Brasil pela HBO dia 16, às 20h, e segue na noite seguinte. 

Ele compreende longas sessões de depoimentos de dois homens que dizem terem sido abusados na infância por Michael Jackson. São eles o coreógrafo Wade Robson, de 36 anos, e o cineasta James Safechuck, 40. Parentes e esposas também dão testemunhos. 

As falas são entremeadas de sequências inéditas em Neverland, programas e cenas de tribunal. Entre 1993 e 2005, Michael enfrentou dois processos por pedofilia. 

Pagou à família de Jordan Chandler US$ 25 milhões para encerrar o processo e US$ 10 milhões à de Gavin Arvizo, seu último caso tornado público, e foi inocentado.

Michael orientava as crianças a manter segredo e a desconfiar das mulheres. À medida que alcançavam a puberdade, davam-se conta de que eram substituídos por mais jovens. 

“Era um padrão”, diz Safechuck. Robson diz que ficou com ciúmes de Macaulay Culkin quando se viu suplantado pelo ator mirim. Como outros antes, ele foi expulso de Neverland.

O filme causou escândalo ao estrear em 25 de janeiro no Sundance Film Festival. A família de Jackson convocou advogados para processar os acusadores e os produtores, HBO e Channel 4. 

Os fãs promovem protestos, com denúncias contra Robson e Safechuck pelas redes sociais. “Deixem o homem descansar em paz”, disse Jermaine Jackson, irmão do artista.